126 anos da República Manhuassú
A República do Manhuassú, proclamada pelo Coronel Serafim Tibúrcio, intriga historiadores e aguça a curiosidade dos manhuaçuenses e hoje vamos contar essa história.
Publicado em 10/05/2022 13:03
Já se passaram 126 anos de um ato que ficou marcado na história de Manhuaçu, que por 22 dias viveu a experiência de ser um território independente, com moeda própria. A República do Manhuassú, proclamada pelo Coronel Serafim Tibúrcio, intriga historiadores e aguça a curiosidade dos manhuaçuenses e hoje vamos contar essa história.
Como tudo começou
O ano era 1896, o Brasil passava por uma transição de regime de governo, do Imperialismo para República, o que acabou influenciando algumas revoltas pelo Brasil. E bem aqui, na Zona da Mata Mineira, um fato marcante aconteceu…
As plantações de café davam a energia que os coronéis precisavam para disputarem a administração do local. A proximidade com o litoral, a pecuária e a extração de madeira também tornavam Manhuassú um cobiçado pólo econômico.
Em 1892, o Coronel Serafim Tibúrcio foi eleito prefeito de Manhuassú. Ele tentou novamente o cargo dois anos depois, mas os ventos não estavam a seu favor.
Em 1894, o governador de Minas era Crispim Jacques Bias Fortes, simpatizante da ala política contrária a Serafim e apoiador do vigário Odorico Dolabela, seu concorrente no pleito. Nas urnas, 623 votos separaram o coronel do vigário. Porém, apesar do apoio popular, Tibúrcio não assumiu o comando da cidade.
Virando o jogo
Com o apoio de outros coronéis locais, Odorico tomou posse como prefeito em 1894. Inconformado, Serafim reuniu documentos e foi até Ouro Preto, capital do estado de Minas Gerais, para tirar satisfações com o governador. Este, por sua vez, afirmou que nada poderia fazer, pois a constituição estadual impedia que o Estado interviesse na administração municipal.
Ao voltar para Manhuassú, Serafim Tibúrcio encontrou uma situação ainda pior. Seus apoiadores tiveram as terras tomadas e o vigário iniciou uma forte campanha de difamação do coronel. Entre as acusações, estaria o crime de falsificação de dinheiro. Ironia do destino: em breve, Serafim Tibúrcio criaria sua própria moeda.
A Proclamação da República
Em 1896, o coronel foi intimado a depor sobre um assassinato que cometera seis anos antes, quando ainda era delegado de polícia. Em um julgamento tumultuado, ele foi absolvido por legítima defesa da ordem pública, mas o episódio foi a gota d’água. Em meio às ameaças, perda de poder e prestígio político, Serafim invade Manhuassú com seus apoiadores, entre moradores e jagunços da região, e expulsa as autoridades em 10 de maio de 1896, proclamando a república.
Conforme relatos no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, o coronel logo nomeou seus seguidores para cargos de administração dos diferentes setores da república e criou o “Boró”, uma moeda que circulou durante a breve vida da república. Já a ambição de Serafim foi grande e cruzou fronteiras. Com suas tropas, ele comandou invasões em direção ao estado do Espírito Santo, chamando ainda mais a atenção das tropas do governo para a insurgência.
Invasão do Exército Brasileiro
Ao ficar sabendo dos acontecimentos, Crispim Jacques tentou conter a revolta enviando uma tropa de homens, que foram rapidamente abatidos pelo exército de Serafim. O governador decide enviar ainda mais homens combatentes, e novamente amarga uma derrota. Sem mecanismos de ataques, Crispim pede ajuda ao vice-presidente Manuel Vitorino, que ordena a ida das tropas federais.
Além do cerco e da falta de recursos para enfrentar o exército, os próprios amigos do coronel Serafim aconselhavam seu líder a desistir dos planos. Tibúrcio acata os conselhos e foge em direção ao Espírito Santo. Estranhamente, as tropas não o perseguem e limitam-se a derrubar a recém-fundada república e restaurar a influência federal em Manhuassú.
por Secretaria de Comunicação Social de Manhuaçu